Pedro Fiori Arantes O Lugar da Arquitectura num «Planeta de Favelas»

A pobreza na América Latina tem gerado várias respostas para o problema da habitação. O que fazer perante o problema?

Quem se aproxima das grandes cidades do hemisfério sul, debruçado na janela de um avião, pode vislumbrar um panorama estarrecedor: planaltos e colinas tomados por casinhas apinhadas, entremeadas por traçados viários estreitos e irregulares, que à noite se tornam quase invisíveis dada a precária iluminação. Nas cidades um pouco mais ricas, cortando esse tecido urbano como lâminas, vêem-se grandes estruturas de betão – vias-rápidas, viadutos, ferrovias – que permitem o tráfego rápido, além de coberturas metálicas de armazéns que abrigam hipermercados e centros de compras para um público sem muito dinheiro, mas que precisa de sobreviver. No caminho entre o aeroporto e o centro da cidade, favelas tangenciam avenidas e pontes, quando muito escondidas por árvores, muros ou outdoors. Diante dessa expansão descontrolada da pobreza urbana, a tradicional política de remoções, ainda persistente, parece fazer cada vez menos sentido: no lugar da favela que sai, em dias forma-se outra. As iniciativas para tornar invizível a pobreza são hoje tecnicamente inócuas. Sem ter como varrê-la definitivamente para longe, mesmo os políticos conservadores perceberam que não se pode mais ignorá-la.

  • Opúsculos: n.º 11
  • Dimensões: 16 p., 15,0×22,5 cm
  • Edição: Dafne Editora
  • Data: Maio de 2008
  • DL: 246357/06
  • ISSN: 1646-5253
  • Design: Manuel Granja